manhã de liberdade
Amanheceu, e eu no aconchego, um olho aberto e o outro fechado, adivinhando o sol a erguer-se lentamente, conforme os raios se iam estendendo sobre a colcha, provocadores.
Sentia o ar frio do quarto, o calor do gato adormecido, a respiração de quem dormia a meu lado. "Estão os dois vivos", pensei, "já é um bom começo".
O sol continuava, cada vez mais intenso, cada vez mais difícil de ignorar. "Vou fazer um café, pode ser que te acalmes", pensei para os raios insistentes. Mas um expresso duplo depois, ainda me ofuscavam a tentativa de continuar a ler.
"Ganhaste" e pousei o livro. "Já aí vou ter".
Meia hora depois, o cheiro a mar entrava, frio e forte pelo nariz, pelos ouvidos, pelos olhos...
"Bom dia, dois cafés e os respetivos pastéis de nata".
E ali fiquei com o meu livro, interrompido por vezes pela melhor das companhias e uma boa conversa.
Outro café. E mais deste mar de Inverno que amo de paixão.
Não se deita fora uma manhã de liberdade.
foto: Carcavelos no Inverno