das portas que já não se abrem
Olhar para portas que deixaram de ser abertas, ver os cortinados que ninguém já afasta, esfarrapando-se em abandono.
Degraus gastos por muitos anos de uso.
Crianças que os desceram a correr, avós que os subiram com dificuldade.
As paredes, que retinham o aroma a doce de tomate na época da apanha. A broas fervidas pelos Santos.
O cheiro a cavalo, azeite e vinho por toda a rua.
Os ruídos do lagar, da vinícola, das gentes no campo, mais ao longe.
Foi assim, um dia. Agora, não está ninguém... sons e cheiros só ficaram retidos, como uma impressão, na memória.
Fugaz, como fugaz é a vida dos que se lembram.
Fugaz, como fugaz é a vida dos que se lembram.
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