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Crónicas do Chão Salgado

resistir e criar, por mais que nos salguem o chão dos dias | crónicas, memoirs, & leituras

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desafio caixa dos lápis de cor | castanho

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A segunda cor do Desafio Caixa dos Lápis de Cor é o castanho.
Lembrei-me logo de uma antiga colega que abria o braço num gesto largo e dizia "...os castanhos" quando se referia a todas as cores neutras. Um hábito da velha escola. 
Não me saiu esta imagem da cabeça, tinha que ser esta a forma como o castanho surgiria na minha narrativa... e aqui está ela: 


Sem pensar, começou a colocar a tinta na paleta. Espalhou-a em volta, guardando o centro para os neutros.
"Que é isto", interrogou-se...
 
E conforme olhava aquelas cores abertas, impressionistas, tão longe dos seus esboços, percebeu que não eram mais que o desejo que tinha de alegria, de vida.
 
Olhou o tubo de castanho. Apertou-o e caiu um pouco ali, a meio da paleta.
 
Pegou no pincel e arrastou-o para cima do vermelho. Depois, do amarelo. Do verde, do azul...
E ficou ali, tirando a luz das cores, uma a uma. 
Até acabar numa mancha de sombra.
 
Naquela paleta viu a sua existência.
Os castanhos que entravam pelo vermelho da sua paixão, invadiam o amarelo da alegria, emudeciam o azul dos  sonhos... e convertiam os seus dias num tom indefinido de sombra.
 
Viu cada uma das mãos que a cercava, sufocava, jorrando castanho para as cores das suas emoções e sentires.
 
E ali, decidiu tomar nos braços a paleta da sua vida. E não permitir que qualquer cor nas mãos dos outros invadisse as tons que escolhia para pintar os seus dias...

 


foto: na falta de uma paleta aqui à mão... a minha caixa de aguarelas preferida