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Crónicas do Chão Salgado

resistir e criar, por mais que nos salguem o chão dos dias | crónicas, memoirs, & leituras

Crónicas do Chão Salgado

resistir e criar, por mais que nos salguem o chão dos dias | crónicas, memoirs, & leituras

direito a morrer

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O direito à eutanásia é uma luta de anos.
Foi aprovada agora? O problema está no atraso com que acontece. No atraso.
 
Imaginem uma pessoa a quem, a qualquer momento podem dizer "esgotámos as hipóteses, vamos falar de cuidados paliativos".
 
Imaginem que essa pessoa não quer passar os últimos tempos a receber as visitas do marido, dos filhos, que se esgotam emocionalmente nesse percurso.
 
Essa pessoa passa os dias a imaginar como, numa realidade dessas, acabar com a própria vida enquanto tiver forças para tal.
 
Essas pessoas existem. E estavam à espera disto.
 
 
 
 
 
 

desafio manuscrito

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N' O Último Fecha a Porta, encontrei o o desafio manuscrito

Já lá vai o dia da escrita à mão, mas participo agora! :)

Gosto muito, muito de escrever à mão.

Gosto de canetas de tinta, e tenho algumas com 30 anos que mantenho religiosamente e me servem para escrever e desenhar.

A minha letra sempre foi pequena e cheia de ângulos, difícil de entender. 

Para escrever e tomar notas, fora de casa uso o Evernote, uma app que sincroniza telemóvel e computador.

Mas gosto de ter um livro de notas à mão - e normalmente tenho sempre - onde alterno entre o texto e o desenho.

Gosto de escrever, rasurar, abandonar e voltar mais tarde, quando o olhar já mudou. E as palavras, antes paradas, tomam novos impulsos. 
 

 

uma máquina de escrever

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Foi ao som da música de uma máquina de escrever que registei os meus primeiros textos.
Como incentivo para continuar a escrever, ofereceram-me uma Messa verde e pesada, que era a minha grande companheira.
Esta já é mais leve, maneirinha, mas uma digna sucessora. Também Messa, a marca portuguesa.
 
Escrever à maquina ajudava-me a ter cuidado com a ortografia (as emendas não ficam bonitas) e com a minha dislexia. Lendo em voz alta e soletrando cada palavra, detetava melhor os truques do meu cérebro para me enganar, trocando-me sílabas na cabeça.
A minha primeira faculdade acabou mesmo por ser a de Letras, o que prova que podemos aprender a lidar com algumas situações de dislexia.
 
Gosto do barulho dos tipos, da lentidão que exige o processo. Pousar os dedos, tecla a tecla, na entrega profunda ao ato físico da escrita.
 
A pausa como método, a cadência como embalo do criar.
 
Agora, enquanto bato cada tecla, só faltam as vozes dos pais a cantar, ao fundo, para voltar aos anos 80 ...
...Faltavam, porque, fechando os olhos, soltam-se as suas vozes das paredes onde têm ficado guardadas, entre as minhas idas e as voltas à adolescência.