poetas e sonhadores - Coimbra, 1987
Corria o ano de 1987, quando uns quantos caloiros da Faculdade de Letras se juntaram para fazer uma revista de poesia.
Foram publicados três números de uma enorme ingenuidade, em folhas fotocopiadas e uma capa terrível. Mas lá, estavam todos os sonhos que a juventude acarreta, uma força inabalável e um deslumbramento pela poesia que nos uniu nesse projeto lindo.
Estes momentos foram recordados no bloque de um dos autores, Mails para a minha irmã, do João Paulo Videira, (meu colega de então em Línguas e Literaturas Clássicas) e, claro, tinha que os trazer também para este meu lugar.
Parafraseando o Jota Pê, "Venho saudar os jovens autores de então. Venho saudar o espírito empreendedor. Venho saudar a poesia. E, claro, venho saudar todos os leitores do mundo."
Dos vários autores, deixo um poema do Zé Fernando, que nunca mais vi; um do João Paulo, que continua um dos meus amigos mais queridos e, claro, um meu... e Viva o Dia Mundial do Livro...VIVA A POESIA!
Tenho saudades de nada
Do que ainda não vivi.
E são tantas as recordações
Que por vezes as esqueço
E me disfarço por dentro a branco
E fujo de volta ao sítio onde estou.
(José Fernando )
Há três horas
Uma hora não chega.
Há três horas
Eram quatro.
Há três horas
Mil sonhos sonhei
Mil cantigas cantei…
O meu espectador não veio.
Há três vidas
Espero uma.
Há três vidas
E o espectador já morreu.
Há três vidas
Que não cesso
De procurar
O espectador que sou eu!
(João Paulo Videira)
O crime perfeito
Com o perfeito alibi
Foi eu ter nascido
Da alma que despi.
Ninguém o descobriu,
Ninguém desconfiou;
Foi o mar que me engoliu
E depois me vomitou.
(Euzinha aqui, meus Deuses)