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Crónicas do Chão Salgado

resistir e criar, por mais que nos salguem o chão dos dias | crónicas, memoirs, & leituras

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A propósito de Laços, Starnone vs Ferrante

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É um dos autores que se aponta como sendo Elena Ferrante. Ele ou a mulher, Anita Raja, como alguns preferem. Não prestei atenção à polémica, li os artigos na diagonal e sem interesse. Até que, há uns dois ou três meses, a propósito de Ferrante, alguém me aconselhou um olhar sério sobre a escrita de Starnone. Fiquei curiosíssima e, assim que tive nas mãos o primeiro livro, comecei a leitura dum autor que só conhecia de nome.
 
Excluindo a questão do enriquecimento do casal, informações obtidas numa pseudo investigação jornalística abusiva, há outros aspetos curiosos.
Domenico Starnone é um excelente escritor, as pessoas dentro dos livros, as relações que se estabelecem, as rotinas que nos invadem assemelhando todos quando, interiormente, temos o nosso próprio barrilzinho de pólvora, de que só muda o tamanho do rastilho… existem na vida de qualquer pessoa que se cruza no nosso caminho. E na nossa.
Comparando-o com Ferrante, há pontos de toque relevantes. A Nápoles retratada, os olhos com que a cidade é vista são muito semelhantes. As personagens cruas, nos enganos e desenganos da vida e do outro, muitas com uma poética que parece resistir a soltar-se nas ruas abruptas das cidades… mas que está lá.
A própria escrita, tanto na forma como no modo como a ação se desenrola tem pontos em comum. Embora Ferrante mais minuciosa e Satarnone mais expedito. O mundo do ensino e dos clássicos de que se assomam o autores…
 
“Laços” é uma obra que fala dum casamento, dos filhos. Do que acontece como consequência dos nossos actos ou porque não dominamos, por mais tons de rosa que tenham sido os sonhos e as intenções. O amor não mata a memória, os filhos não crescem para ser pessoas perfeitas e, em cada relação, há mais que uma realidade.
 
E sim, acho perfeitamente plausível que Starnone seja, de facto, Ferrante. E gosto tanto de um como de outro. A esta altura, até prefiro Starnone, talvez porque o último amor é sempre mais forte que o anterior…

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