Deixem Passar o Homem Invisível, Rui C Martins
Escreve como de um fôlego, e as palavras vêm com a poesia das almas que soltam tudo, ainda virgem, cá para fora. Personagens livres da mácula do juízo alheio, do espartilho da forma. É também uma escrita bem humorada, onde vemos um pouco dos personagens que andam por aqui, neste retângulo à beira-mar plantado, portugueses de gema e outros, de gemada, com açúcar e vinho do Porto - sim, sou da época em que isto se comia.
O início de “E Se Eu Gostasse Muito de Morrer” levou-me a um velho programa
de TV chamado “Liga dos Últimos” enquanto algumas cenas deste me levam para os diretos duma qualquer TV.
E vamos saltitando pelas palavras com um sorriso, uma gargalhada, um aperto no coração (que as coisas sérias também trespassam nas que se dizem a brincar) e um excelente domínio do português. O que, por si, já é motivo de regozijo.
A história de um cego e uma criança que caem por uma buraco (buracos em Lisboa?) e mergulham no interior da cidade, arrastados por uma enxurrada, é o cenário para muito mais. As infâncias que não são assim tao poéticas, o alimento que é para uns a desventura dos outros. As pessoas nuas e cruas. O amor.
E... e ainda não acabei, mas estou a gostar tanto que tinha que vir cá deixar o meu entusiasmo :)
E... e ainda não acabei, mas estou a gostar tanto que tinha que vir cá deixar o meu entusiasmo :)
Mas há uma bela com senão; o Rui Cardoso Martins faz tanta coisa que, ao que parece, não lhe sobra muito tempos para escrever livros…