domingo aprisionado
Não sou apreciadora de domingos.
Mas este... este, como não me deixam ir trabalhar amanhã, tem um sabor a sábado e acordou a lançar raios de luz pela janela do quarto.
Depois da tempestade, hoje adivinho esta mesma luz a refletir no mar calmo, que chega à areia com um marulhar imperceptível daqui.
No aconchego dos lençóis, aqueço as mãos e a alma com uma chávena imensa de café a fumegar.
Fico com vontade de ficar perto desse mar, de sair, de fechar a porta de casa atrás de mim, levar um livro e ficar preguiçosamente pela borda do mar.
E almoçar naquele restaurante ali do paredão, onde me ensinaram a fazer as melhores amêijoas de sempre.
Mas estou aprisionada. Não importa a escassez de transportes públicos ou as pessoas amontoadas nas escolas.
Mas ir almoçar fora, isso é um perigo mortal!