o leitor do jornal
Hoje, saí para comprar o jornal.
Ler o jornal em papel foi um hábito que retomei neste confinamento, o que pode parecer contraditório. Mas não é. Foi, precisamente, por já não suportar tanto ecrã!
De manhã à noite, trabalho e lazer têm vivido, sobretudo, através deles, os ecrãs.
E por mais que os gadgets nos digam que têm o não-sei-quê que previne enxaquecas e afins... não. Sinto-me numa overdose daquilo... ecrãs.
Ora, não podendo fugir ao trabalho (por obrigação), nem a outros prazeres de que não prescindo (por devoção)... resta-me reduzir o tempo destes últimos e retomar outros hábitos.
Como limitar-me aos jornais e livros em papel.
Felizmente, os jornais continuam a ser distribuídos em papel. E não por mim... a minha questão é irrelevante.
Mas por causa de pessoas como aquele senhor ali, na foto.
Era, como eu, frequentador do café em frente, agora fechado, e que tem uns scones fantásticos.
Não tem um telemóvel com internet, muito menos computador. A ligação dele ao mundo vem do jornal, que compra religiosamente.
E hoje, ali estava, frente ao café de portas fechadas, lendo o seu jornal.
Passei em frente, sorri-lhe com os olhos, acenei a mão.
Ele acenou de volta. E talvez tenha sorrido, também...
Ele acenou de volta. E talvez tenha sorrido, também...