Não sendo o ensino à distância a solução ideal em qualquer das dimensões da aprendizagem, não vai ter as implicações catastróficas que por aí auguram.
Temos situações terríveis o ano todo, e ninguém lhes dá esta voz.
Trabalhei no concelho de Montalegre, Castanheira de Pêra, Amadora. Conheço bem os locais onde só se apanha rede espanhola, aqueles onde muitos faltam às aulas porque há um nevão. E aqueles onde, quando chegam à escola, já trataram do gado. Ou dormiram com ele, para terem calor.
E muito mais, dificuldades não faltam.
E os alunos que têm vindo a ser prejudicados, inclusive em anos de exame, por não terem professores já o ano vai a meio.
E isto não acontece nas aldeias, mas sim nas cidades, onde um professor nao pode aceitar um horário incompleto, a ganhar quatrocentos ou seiscentos euros e pagar trezentos por um quarto.
Porque, realmente, ninguém quer esta profissão tão fácil... porque será?
Este são factos que não dependem de uma pandemia. Já existiam e vão piorar.
Quanto à perda de conhecimentos que se irá refletir irremediável e desastrosamente no futuro... Ei!!! Gente!!! Onde está a geração que fez anos com passagens administrativas no 25 de abril? E aqueles que, mais tarde, tiveram anos inteiros sem professores a várias disciplinas e, quando chegavam, só tinham o sexto ano dos liceus?
São todos ignorantes e incompetentes? Ora...
Não. Não vai ser o ideal. De forma alguma. Mas não é presságio de um futuro de ignorantes. Pelo menos, não por causa da pandemia...
É ter calma. Dar segurança aos jovens.
É assim que amanhã receberei os meus três níveis de secundário.
Dizer-lhes que sim, continuem a sonhar. Sonhem, invistam no conhecimento. Sonhem. Não deixem de sonhar...
fotos:
* Bandeirola da "Purple Pineapple Design", papelaria sustentável e feita com amor... por uma ex-aluna.
* Sweatshirt pela "Super Nervosa", micro empresa de moda sustentável de outra ex-aluna.