a indefinição dos dias
Desinfetamos as nossas mesas. Abro as janelas para a sala arejar no intervalo. Deixo-a como entrei: gelada e de coração apertado.
Entro no trânsito da Marginal. O mar está calmo, com um tom neutro que se cola ao céu, indefinido como os dias.
Em casa, procuro algo algo que me conforte, mas só o corpo aquece. Tento bordar, desenhar, escrever. Não consigo, estou enclausurada na interrogação do que vai ser dos dias naquela que é a minha segunda casa.
O sentimento é de uma imensa frustração. Ir para casa, ensinar on-line é brincar com o conhecimento, que já é tão desrespeitado, desprezado e achincalhado.
Os miúdos, aqueles que precisam de boas notas, com exames finais de secundário, estão assustados.
Os alunos do Profissional, não têm quem os receba para estágio.
Estou cansada. Triste.
A saúde é mais importante, digo para mim. Que aconteça o que for melhor para combater esta pandemia.
Não venham é, no final, falar de sucesso.
A saúde é o mais importante, repito para mim, como um mantra...