“A Voz Humana”. Uma curta-metragem que, quando termina, sabe a tão pouco… ficava ali outro tanto tempo a ouvir e ver Tilda Swinton num Cocteau como Almodovar o sentiu. Numa interpretação livre, como ele diz, mas poderosa. A linguagem forte, os cenários onde a cor se relaciona com a mensagem, se impõe por vezes ao próprio movimento. O inesperado, mesmo para quem conhece o texto ou viu outras interpretações. Ou para quem conhece Almodóvar, que continua a aventurar-se e a correr riscos. O filme é seguido de uma entrevista a Almodovar e Tilda onde se fala do processo criativo, da metodologia de trabalho do realizador. E este mergulhar no mundo de Almodovar, agora pelas suas próprias palavras, quase nos faz desculpá-lo por não ter feito a curta… maior!
No meu último post, deixei-vos um poema (de 1987) de um amigo, o João Paulo. O Jota Pê nunca está quieto, tem sempre um projeto ou uma surpresa para dar ao mundo! Há uns dez anos lançou ao ar a sua vida certinha e partiu para Maputo, onde é professor na Escola Portuguesa.
É de Moçambique que tem escrito os últimos livros e que, recentemente, lançou no Youtube um canal que merece atenção: Rumores de Tinta. Começou por ligar episódios da mitologia clássica aos nossos dias, e na descrição do primeiro episódio podemos ler que se "revisita o mito de Prometeu, a criação da Humanidade e curiosas analogias com outros textos. Pelo meio, o intrigante papel da Mulher nesta trama!"
A mitologia é fonte dos enredos que melhor e mais profundamente retratam o género humano e, saleinte-se com o drama ou o imenso humor que passam nas vidas mais mundanas. Na verdade, o cerne do mito, as "histórias", permanecem atuais. No âmago, continuamos a ter as mesmas dúvidas, os mesmos desejos e propósitos.
Ao fim de semana, a temática é um pouco mais leve e, neste, um brevissímo mas empolgante relato sobre Charlie Chaplin: A Voz e o Silêncio. Visitem o João Paulo!
A vida de Karen Blixen, uma mulher extraordinária, paradoxal, com o charme de quem manda as convenções sociais ao raio-que-as-parta. Onde elas devem estar.
No Episódio 2, Teresa Coutinho diz poemas de David Mourão-Ferreira e Raquel Nobre Guerra, e Noiserv intrepreta dois temas seus.
No episódio 3, Pedro Lamares e André "Pancho" Tarabbia "trabalham" a obra de Herberto Helder.
A poesia é asssumida pela Câmara Municipal de Oeiras como uma das apostas para se tornar Capital Europeia da Cultura 2027.
Além do prémio de poesia com o valor mais avultado em Portugal (com resultados anunciados para Março), também faz parte desse caminho esta série de nove episódios, "Culto", em colaboração com Musgo Produção Cultural.
E entre muitas ofertas passadas e por chegar, temos já as Oficinas de Poesia com José Luís Peixoto, o Clube de Leitura das Bibliotecas Municipais, entrevistas com diversos escritores via redes sociais... Iniciativas que tornam a cidade do Parque dos Poetas merecedora de se ter "debaixo de olho".
E eis que, entre o costumeiro vazio, surge uma obra de arte.
Num argumento extraordinário de Sam Levinson, que também dirige, apenas dois personagens (John David Washington e Zendaya) mantêm uma dinâmica e uma tensão constantes ao longo de todo o filme, lembrando o ritmo de uma peça de teatro.
Belíssimo, dos diálogos à fotografia.
E o facto de sair de mãos tão jovens mostra que, Deo Gratias, há muitas almas atormentadas por aí e a arte não morreu... Haja esperança!